Uma inspiração para me autoconhecer com um olhar na Educação Integral


O vídeo acima foi construído de modo caseiro e com a inexperiência de alguém que deseja falar sobre autoconhecimento. Encontrei nas palavras de Daniel Munduruku a inspiração que necessitava para dar o início. Além dos trechos utilizados no vídeo, quero citar o seguinte:

"Conhecer-se a si mesmo é sentir a dor do mundo e não ficar indiferente a ela. É comprometer-se com a fraternidade à qual estamos ligados. É ser humano na sua integral constituição." (Munduruku, 2019)

Pensar no ser humano na sua integralidade me remete à Matriz de Saberes construída no Currículo da Cidade de São Paulo, para ser inserida no trabalho educacional em todos os níveis de ensino que fazem parte do trabalho da Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo. Pensando nela, me atrevi a usar a mandala construída por Danilo Yamamoto e sua companheira Michelle Saltori Ponse para me referir ao "ser humano e sua inteireza", a qual me remete a outro estudioso, Rudolf Steiner, que diz o seguinte:


“Autoconhecimento verdadeiro só é concedido ao homem quando ele desenvolve afetuoso interesse por outros; conhecimento verdadeiro do mundo o homem só alcança quando procura compreender seu próprio ser.”




Os princípios são: Pensamento Científico, Crítico e Criativo; Resolução de Problemas; Comunicação; Autonomia e Determinação; Abertura à Diversidade;  Responsabilidade e Participação; Empatia e Colaboração; Repertório Cultural e, em destaque, o Autoconhecimento e Autocuidado. Eles têm "[...] como propósito formar cidadãos éticos, responsáveis e solidários que fortaleçam uma sociedade mais inclusiva, democrática, próspera e sustentável [...]". (SME/SP, 2018)

Cada um desses princípios, como massinha que  criança aprende a mexer os ingredientes para dar forma às suas fantasias, às suas diferentes visões do mundo, escolhendo cores diversas ou a cor que gente grande determinar, talvez não garantam os propósitos citados, mas podem germinar várias sementes.

O que considero muito importante é lidar com esses princípios com quem já passou pelos espaços escolares e hoje é gente grande que educa, de maneira direta ou indiretamente, seja como profissional dentro das escolas ou como cidadão ou cidadã que pretende olhar para a construção de um lugar realmente inclusivo, democrático, próspero e sustentável.

Pensando em todo esse contexto a Matriz de Saberes vem com princípios norteadores que servem como base ao desenvolvimento em que posso exercer a liberdade de escolha, a partir da importância de se ver o mundo sabendo que quem me transmite algum conhecimento tem uma intenção que depende do seu contexto histórico pessoal, mas aquilo que acolherei para a minha vida pessoal, da leitura que faço do que me foi passado, também dependerá da minha construção histórica individual.

Vale lembrar que se eu tive uma educação rígida e fechada terei dificuldades para enxergar outras experiências que divergem da educação que eu obtive.

À princípio, o desejo de me autoconhecer e a busca de meios para entender o meu comportamento, me dá a oportunidade de entender como o meu desenvolvimento pessoal foi se constituindo tendo esses princípios desenvolvidos, mesmo que de forma inconsciente.

Alguns estudiosos me ajudam a criar uma forma triangular de como posso ser influenciada de acordo com o meu contexto histórico e a minha construção como ser humano da seguinte maneira:

Domênico De Masi, cientista e sociólogo, coloca o conceito de ócio criativo, referindo-se a três elementos: vendas, faculdade e raciocínio lógico, os quais faço relação com o triângulo elaborado por Johan Galtung, sociólogo e membro do Comitê para a Paz que nos coloca o triângulo do conflito sendo situação, comportamento e atitude. Rudolf Steiner cita corpo com suas diferentes sensações percebidas através de inúmeras percepções que extrapolam os órgãos dos sentidos convencionais (essa conversa precisa de outro artigo), alma é o resultado dos sentimentos que essas percepções me causam, e, finalmente, o espírito me dá o poder de decisão entre aquilo que percebo e aquilo que sinto para agir.

Ao fazer um paralelo entre os três e Educação Integral, meu triângulo fica da seguinte, maneira: onde De Masi cita venda, Galtung situação e Steiner alma, penso na Arte, pois é a ideia que eu crio, guardo na gaveta da minha mente ou quero passar adiante. A segunda relação associa a faculdade, com o comportamento e o corpo, o que me leva a pensar nos recursos ligados à Saúde física, mental e econômica e a terceira nos traz o raciocínio lógico, a atitude e o espírito, os quais faço referência à Educação,  a qual nos traz a diversidade e o nosso poder de escolha em relação àquilo que apreendemos. Eu somente apreendo quando utilizo o raciocínio lógico, reflito sobre minhas atitudes e reconheço meu poder de decisão.

Desse modo, vejo a minha construção num triângulo abaixo:
Quando penso na minha formação integral, que é contínua e com prazo indeterminado para terminar, considero esse triângulo como base no meu desenvolvimento pessoal. Para entender  como vejo o mundo, preciso entender a construção como pessoa que nasceu numa determinada data, teve  tais e tais experiências, sabendo que a ideias que comprei para mim e que não precisam ser definitivas.

Por isso, os princípios citados são tão importantes. Se enquanto criança as minhas experiências foram limitadas a uma caixinha fechada e eu me conformo com ela, sempre terei um poder de decisão também limitado. No entanto, se eu entendo o processo, ganho uma porta ampliada para que minhas escolhas, para vivenciar o que Rudolf Steiner nos coloca: Se estivermos vigilantes, não passará um só dia sem que aconteça um milagre em nossas vidas.”

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