Nada está sob controle

O dente-de-leão simboliza muitas coisas benéficas! Ele é comumente associado à esperança na vida, à crença em um futuro melhor e o poder de cura de qualquer problema atual. 
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Nada está sob controle
Solange das Graças Seno



Inicio este texto pensando sobre o livre arbítrio e o que Fernando Savater nos coloca sobre estarmos condenados às nossas escolhas. Fiquei muito tempo pensando sobre o peso de estar condenada àquilo que desejo ou preciso escolher. 

Agora, numa fase de desconstrução dos conceitos tão pesados das palavras, me deparei em redimensionar o estigma do significado de condenação. Quando penso nela, vem outra que também precisa ser redefinida, julgamento, que vem com estigma de se decidir por um castigo, outra palavra dura, mas que poderia ser vista apenas como corrigir o que não deu certo. Julgamento, então, deveria se despir do seu nome para predominar  sua função de verbo julgar, ação que caminha para se ponderar, analisar e se ajustar uma situação que fugiu do caminho do bem comum e não de um bem voltado ao ego. 

Tal fato me faz justificar a mudança da palavra condenação, porque ela é justamente para me colocar num lugar em que devo analisar o poder do livre arbítrio no momento em que faço as minhas escolhas, seja em qualquer esfera em que convivo. Não estou sozinha, desse modo não posso decidir de acordo com minhas necessidades pessoais. O meu ego.

Alguém pode dizer que dessa maneira estou anulando a mim como pessoa, porque estou colocando as pessoas em minha volta com o poder de influenciar. E aí vem a chave: ter consciência que sou influenciada o tempo todo. 

Tudo que está a nossa volta nos influencia o tempo todo, o belo, o feio, o calmo, o agressivo, o claro, o escuro. Não estamos numa bolha vivendo lá dentro sem ser contagiado ou contaminado. Estamos no mundo e queremos estar nele com tudo o que ele nos oferece. Não queremos estar sozinhos.

O nosso poder consiste nas escolhas que fazemos com aquilo que nos contagia ou nos contamina. É imprescindível estar numa bolha todos os dias para se higienizar, para ponderar as decisões, sem os ecos que gritam nos ouvidos, sem nenhuma interferência, ouvir seu coração. Mas ainda sim não temos o controle de todas as coisas e nem precisamos ter.

Tenho segurança em dizer que pensar nessa falta de controle não me torna insegura ou ingênua, mas sim atenta ao poder que temos da escuta. Ouvir tudo que está a nossa volta, mas sempre utilizando o filtro, o poder da decantação, um processo científico que tem a função de separar as misturas heterogêneas e nos permite ter de volta água pura e cristalina. 

Temos como grande parte da nossa constituição de água, e se não aprendermos esse processo apodrecemos e influenciamos quem vem se nutrir de nós, quando tomamos a forma de mães, pais, ou professoras, professores, amigos, amigas, e podemos ver nossos filhos e filhas, nossos alunos e alunas repetindo a mesma história sempre e sempre. 

Hoje, em que vemos tanta gente falando de necessidade de mudança, acredito que temos um desafio gigante, mas natural, que pode ser escolhido sem dor: Vamos nos decantar e nos encantar. Simples assim.

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