Questões sobre os limites no espaço escolar

Os artigos abaixo constam no site da Nova Escola, os quais nos colocam questões relacionadas com os conflitos que acontecem em sala de aula por diferentes situações. Dá uma olhadinha!


À beira do caos - o que fazer quando a bagunça está incontrolável

Sabe aqueles momentos em que você acha que perdeu o controle sobre a turma? Calma, todos já passaram por isso. E sempre tem uma solução

Daniela Almeida (novaescola@atleitor.com.br)=== PARTE 1 ====

Tudo estava planejado: você iniciaria o dia com a roda de conversa e, depois, desenvolveria atividades artísticas. Os pequenos fariam desenhos, sentados nas carteiras, até a hora do recreio. De repente, um tumulto, uma agitação. Em segundos, eles corriam de um lado para o outro, gritando, chorando, chamando por você. Que desespero! Você pede a atenção de todos, mas o barulho é tamanho que ninguém escuta a sua voz pedindo silêncio. O que fazer? Gritar também? Sair correndo? Sentar e chorar?

Nessas ocasiões, somente calma, jogo de cintura e conhecimento sobre as causas da desordem ajudam a encontrar a melhor saída. NOVA ESCOLA ouviu cinco professoras que ficaram à beira de um ataque de nervos. Especialistas comentam os episódios, explicando os motivos que levaram à desordem, dão dicas de como agir e indicam a melhor maneira de evitar que episódios desse tipo se repitam.


1 "Vou ficar sem chocolate"Um caso de contágio emocional

- OS FATOS "Perdi o controle da classe em uma situação bastante inusitada. Uma garota foi viajar com a família no período de aulas e prometeu aos colegas que traria chocolates para todos na volta. A turma de 4 anos aguardou ansiosamente o retorno. No dia em que a viajante chegou, estávamos sentados no chão, terminando uma roda de conversa. Ela apareceu na porta, com uma enorme caixa enfeitada.


As crianças ficaram hipnotizadas. Peguei o pacote e comecei a distribuição, mas a garotada avançou. 'Também quero!' 'Tem pra mim?' 'Eu vou ficar sem!' Coloquei a caixa em uma prateleira e avisei que comeríamos chocolate apenas na hora do lanche. Tentei organizar a classe, sugerindo que a menina contasse sobre a viagem. Foi tudo em vão. A euforia não acabou, as crianças continuaram nervosas e não consegui fazer mais nada."
Marta Rosa, Escola Miguilim, São Paulo, SP

- O QUE ACONTECEU? Essa é uma manifestação característica de contágio emocional. Ela ocorre quando um determinado fato desencadeia fortes emoções em um grupo. O filósofo e médico Henri Wallon (1879-1962) atribui significativa importância à reação coletiva no âmbito da Educação. Ele afirma que a emoção cria uma relação imediata entre os indivíduos, apontando para a união e para a cooperação (nos casos positivos) e para o conflito (nos negativos). Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), destaca que, no caso de Marta, houve dissonância entre o critério da professora e o dos pequenos. A primeira, como adulto que é, julgou o fato com racionalidade, levando em conta que existe hora certa para comer chocolate, conversar e brincar. Já as crianças queriam atender a seus desejos e fazer o que é mais agradável no momento.

- O QUE FAZER? Como é difícil para os pequenos controlar emoções e reações, a melhor atitude é tentar conciliar os interesses do grupo. "A professora poderia ter distribuído a guloseima ao mesmo tempo em que a garota contava sobre os lugares visitados", sugere Macedo.

- COMO EVITAR? Em casos de emoções descontroladas, a melhor solução é deixálas fluir, em vez de tentar abafá-las com regras que ainda não foram discutidas pelos pequenos (portanto, desconhecidas), e propor uma alternativa para que os desejos sejam atendidos.


 

LIMITES SEM SOFRIMENTO

Colocar limites, porém, nem sempre é fácil. A tentação de ficar irritada e começar a gritar pode ser grande.

 

1) - Acima de tudo seja coerente: Não confunda as crianças com graus de aceitação diferentes perante um determinado comportamento. Se subir na cadeira for uma proibição sua, esta deve ser sempre uma proibição. Se você deixar num dia e não deixar no outro, as crianças tentarão tirar proveito dessa brecha. "Apenas alunos com hiperatividade ou alguma deficiência devem receber, eventualmente, um tratamento diferenciado. E isso os colegas de classe conseguem entender", observa Daniela.

2) - Altere a voz e a expressão, mas não grite: Quando fizer uma censura, altere a voz para marcar a emoção, mas não se mostre muito irritada, pois pode parecer que você não se sente capaz de controlá-los. Em caso de balbúrdia geral, adote códigos de silêncio:


- Bata palma 3 vezes;

- Apague a luz;

- Comece a cantar;

- Pare tudo e sente-se.

 
3) - Combine as regras de antemão: Essa atitude impede que você tenha de explicar a razão de uma regra no momento em que ela é quebrada. E a melhor forma de chegar às regras que valerão a todos é a chamada assembléia. "Promova uma assembléia: Em roda, estimule-os a expressar o que consideram certo e errado. Fale você também. Os motivos das regras devem ser discutidos nessa hora. Assim, no momento de chamar a atenção de um aluno, diga "Lembra que isso é errado?", partindo do princípio de que a justificativa já foi dada."

 

4) - Não peça para a criança refletir: Se tiver de refletir quando faz algo errado, a criança pode acabar relacionando a reflexão a algo negativo. Como a reflexão é essencial no aprendizado e na vida em geral, evite ligá-la a situações de repreensão.

 

5) - Adote a cooperação: A cooperação pode ser um santo remédio para maus comportamentos. Peça para os alunos arrumarem a classe com você ou para participar do "conserto" de algo que fez: se machuca um colega, pode ajudar no curativo.

 

6) - Expressão dos sentimentos: Dizer "Não gostei" ou "Isso me ofende" é muito válido, pois, na vida em sociedade, sempre teremos de lidar com os limites das outras pessoas. Se você se expressa, mostra ao aluno que tem sentimentos a ser respeitados.

 

7) - Dê exemplos positivos: Não basta dizer que a atitude está errada. Especifique com o aluno como poderia ter sido diferente.

 

IMPORTANTE!

- A autoridade da classe é a professora: seja firme!

- Se a turma inteira estiver desinteressada, questione-se sobre a atividade. Ela pode não ser adequada.

- Só comunique os pais se o aluno apresentar especial dificuldade com regras.

-Lembre-se: crianças de até 6 anos não têm disposição para ouvir sermões. Faça observações curtas e diretas, como "Isso não pode" e "Pare com isso".

 Postado por Pri   às segunda-feira, janeiro 18, 2010    


O Brincar e a Educação Auto-reguladora

 

É na infância que nos programamos para a vida adulta. Carregamos conosco medos, críticas, inseguranças, desconfianças, etc, que determinam nossa maneira de ser e de agir como adultos. Essas sensações se impregnaram em nossas mentes, corações e também em nossos corpos. Com isso nos encouraçamos e esquecemos de nossa essência. Esses mecanismos de defesa nos dão uma falsa idéia de segurança, nos afastando do mundo real, e às vezes até de nós mesmos. Assim não damos espaço para a espontaneidade e para o bem-estar em nossas vidas.

 

E se não estivermos atentos, a tendência natural é que introjetemos em nossas crianças as mesmas programações que herdamos de nossos pais, transformando-as desde cedo em seres rígidos, tensos e manipulados, não restando espaço para o prazer de ser verdadeiramente criança. É aí que reside a necessidade de revermos nossos conceitos em relação ao que é realmente educar.

 

Por não podermos ou não querermos dar atenção aos nossos filhos, muitas vezes os sobrecarregamos de atividades, compromissos, cursos, etc, não sobrando tempo para o brincar espontâneo e verdadeiro, que inclui a obtenção de prazer, de bem-estar e de alegria.

 

A criança gosta e quer conhecer o mundo com e através de seu corpo e de seus sentidos, mas cada vez mais impedimos que isso aconteça por acharmos que não é um comportamento adequadamente aceito pela sociedade.

 

O brinquedo é a forma de auto-expressão da criança, onde projeta suas fantasias e onde pode re-vivenciar situações que para ela foram traumáticas, traduzindo-as para si mesma e elaborando essas situações. É com o brincar que essa criança organiza seu universo interior, seus problemas, dúvidas e conflitos, coisas que muitas vezes não consegue expressar de outra forma. Também nas brincadeiras ela imita a vida adulta, “ensaiando” através de jogos e encenações a vida que terá no futuro. Restringir seu brincar impede, na maioria das vezes esse trabalho interior e consequentemente trará problemas ao seu desenvolvimento, tornando-a um adulto neurótico e encouraçado.

 

Também a auto-valorização e a auto-regulação permitem o desenvolvimento saudável da criança. Isto não significa negligenciá-la e não impor nenhum limite, mas aprender a respeitar os limites que muitas vezes a criança sabe impor a si mesma sem que os pais precisem interferir, fazendo-o somente quando realmente for preciso. Devemos deixar simplesmente a criança experimentar “ser” no mundo da forma e do jeito dela.

 

A autoridade é necessária e os limites também. Mas sempre com amor, diálogo e respeito. Não podemos ter medo de dizer não, desde que seja verdadeiramente necessário. Firmeza sim, imposição e autoritarismo não! Para isso o diálogo entre pais e filhos é fundamental.

 

É importante que a criança perceba que estamos ao seu lado quando ela precisar, mas nunca impondo nossa vontade sem nem sequer deixá-la questionar o porque dessa ou daquela atitude que tomamos em relação à sua vida.Lembre-se de que os problemas dela por menor que possam nos parecer, tem a mesma dimensão emocional que os “grandes” problemas que enfrentamos em nosso dia-a-dia.

 

O respeito também deve ser a base do relacionamento com nossas crianças. Ela precisa saber que é aceita como realmente é: como uma criança. Valorizando-a estamos promovendo também sua auto-valorização. Se acreditarmos em seu potencial ela também acreditará em si mesma, crescendo como um ser saudável, desencouraçado, auto-regulado e pronto para a vida!

 


 

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