Formação Cidadã 2018
Formação cidadã 2018
O currículo
da cidade
O artigo
2º da Portaria 8.947, de 31/11/2017, que dispõe sobre a elaboração do
calendário de atividades – 2018 nas Unidades de Educação Infantil, de Ensino
Fundamental, Ensino Fundamental e Médio, de EJA e das EMEBSS da RME, nos
orienta à realização no dia 14/02, após o meio dia sobre o Espaço Formação
“Currículo da cidade de São Paulo”, organizado de forma direta pela Secretaria
Municipal de Educação, Diretoria Regional de Educação e Unidade Educacional ou
por meio de parcerias/sindicatos.
Nos
mesmos moldes do ano de 2017, a equipe escolar do CEI Vila Curuçá II optou por
elaborar um material próprio, tendo como base o tema determinado pela SME, de
forma a pensar sobre o currículo como um instrumento vivo, que deve ser
percebido na sua construção, a influência do território dentro do espaço
escolar, desse modo construir ações que possibilitem ao espaço escolar
influenciar de forma consistente o território onde se encontra.
Desse
modo, tomamos como ponto de partida o significado de currículo exposto no
Regimento da escola e uma afirmação de Terezinha Rios, no livro Ética e
competência, da Editora Cortez.
À princípio segue o significado de currículo
descrito no artigo 93 do Regimento do CEI:
Art.
93 - O currículo é o
conjunto de experiências, atividades e interações vivenciadas no CEI, com
vistas a promover o acesso aos conhecimentos históricos, sociais e
culturalmente construídos, bem como aos valores fundamentais para o exercício
da cidadania.
Terezinha Azerêdo Rios afirma o
seguinte:
A escola não está nem fora da sociedade, com uma
autonomia absoluta diante dos fatores que estimulam as mudanças sociais, nem
muito menos numa relação de subordinação absoluta, que a converte em mera
reprodutora do que ocorre em nível mais amplo na
Em
relação ao nosso trabalho na Educação, você acredita que as famílias
influenciam as experiências que ocorrem nesse espaço? Como?
E
como o território onde o CEI se encontra influencia as ações que ocorrem
nesse espaço?
Qual
ou quais experiências realizadas no CEI, você conseguiu notar que
influenciaram atitudes ou ações ligadas às famílias das crianças?
|
O
currículo da cidade ou o currículo na cidade
Quando pensamos na construção de um
currículo elaborado por um órgão público não dá para separar a vida pulsante da
cidade em que ele foi construído. Como uma via de mão dupla, as ações
realizadas na escola, independente do nível de ensino, devem considerar o que
tem do lado de fora de seus muros e as famílias, quando participam de maneira
ativa, carregam para suas casas determinadas situações que chamaram atenção.
Pudemos perceber, quando algumas mães relataram sobre as atividades ligadas ao
relaxamento e à consciência da respiração, por exemplo, o reflexo desse
procedimento em casa, a partir do momento que a criança ensinou aos pais a ação
que aprendeu na escola.
Nesse contexto, sugerimos a leitura da
seguinte reportagem elaborada por Ana Luiza Basílio, publicada no site abaixo
mencionado para que possamos refletir sobre essa via de mão dupla citada: http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/11/12/cidade-como-curriculo-pesquisador-espanhol-desafia-escola-olhar-rua/
Por Ana Luiza Basilio
A rua é uma aula, uma lousa, um lugar
onde se escreve. Não é apenas parte do caminho percorrido até o museu, o centro
cultural ou a escola. A rua também ensina e precisamos aprender a ler as
mensagens que ela emite. Essa é a provocação feita pelo pesquisador Jaume
Martínez Bonafé aos educadores brasileiros durante sua passagem por Belo
Horizonte (MG). O espanhol, docente na Universidade
de Valencia, defende que é preciso superar a concepção de uma escola articulada com
seu entorno e adotar a cidade toda como currículo.
“Proponho que exploremos a ideia da cidade fazendo currículo. Há
milhares de situações construindo constantemente significados. Creio que a
cidade junto aos meios de comunicação são elementos que estão nos fazendo como
sujeitos, nos moldando. Portanto, são currículo e devem ser estudados como
tal.”
Segundo ele, para colocar em prática essa visão, é preciso admitir que
há um currículo fora da escola, que pode ser construído a partir das diferentes
experiências e práticas culturais, e levando em conta as inúmeras formas de
entender e vivenciar o mundo. “Se nos ensinassem a ler a rua de outra maneira,
muito provavelmente, seríamos cidadãos diferentes, saberíamos valorizar as
praças e as cidades a partir de um outro olhar.”
Além de deslocar a aprendizagem para fora
das instituições de ensino, a proposta de Bonafé convoca urbanistas,
engenheiros, prefeitos, secretários, comunicadores, a sociedade como um todo, a
refletir sobre quais mensagens as cidades que projetamos e vivemos passam para
as crianças desde a mais tenra idade. É o chamado “texto da cidade” que, em sua
opinião, urge ser transformado.
“É necessário intervir nesse texto da
cidade, a partir de uma outra pedagogia – que não cabe só aos educadores, mas
também aos prefeitos, às pessoas que têm responsabilidade na gestão municipal.”
Para entender como a cidade pode ser
tomada pela educação enquanto currículo, o Portal Aprendiz conversou com
Bonafé, após sua palestra no I Seminário Internacional de Educação Integral,
realizado pelo Territórios,
Educação Integral e Cidadania (TEIA) da UFMG, entre 5 e 7 de
novembro.
Portal Aprendiz: Como se dá a
construção do currículo na rua?
Jaume Martínez Bonafé: Minha hipótese
de trabalho é que agora estamos pensando o currículo apenas dentro da escola. O
currículo é o conjunto de significados que a escola articula, dentro de seus
objetivos específicos, para dizer ‘isto é o que você tem que aprender, assim
você vai ser uma pessoa útil’. Este é um pouco o seu discurso institucional.
Eu creio que também há um currículo fora dela. Há uma prática cultural
que gera significados, formas de subjetivação e formas de entender o mundo e de
compreender-se nele que têm a ver com as experiências vividas na cidade. Minha
proposta de trabalho parte da cidade como currículo. Portanto, teríamos que
analisá-la como formadora de práticas, experiências, relações e materialidades
que vão articulando uma forma de entender a cultura e de se entender como parte
dela.
A questão é: quem escreve o texto na cidade? Minha hipótese é que hoje o
texto da cidade é a pedagogia do capitalismo, mas há também outras linguagens,
outros significados, outras práticas sociais que têm a ver com os movimentos
sociais e com um currículo contra-hegemônico.
Há um currículo fora da escola e é preciso
investigá-lo.
fotoJoão Xavi
Aprendiz: E como crê que a escola pode
dialogar com estes elementos?
Bonafé: São coisas
diferentes. Na minha conferência, eu quis diferenciar de uma proposta
pedagógica bastante antiga e vinculada aos projetos de inovação, que diz que a
escola tem que sair para o entorno, pesquisá-lo, explorá-lo. Portanto, suas
matemáticas, histórias e geografias devem contemplar o entorno no trabalho
pedagógico, mas eu não falo disso. Acho que, com isso, a escola não rompe com o
currículo tradicional. O que faz é oxigená-lo, não para discutir a rua, e sim
para que as matemáticas, histórias e geografias possam se fazer mais próximas
ao sujeito, aproximando-as da rua.
O que eu digo é que o currículo está na rua e devemos investigá-lo.
Vamos entender o que significam as grandes avenidas, os centros comerciais e as
praças; qual o significado para as crianças ou para as pessoas mais velhas,
para os homens ou mulheres, para negros e para os brancos. Vamos ver quais
significados se constroem na cidade e nos dar conta de que em uma cidade há
muitas cidades, interpretadas segundo o mundo de cada um.
Proponho que exploremos a ideia da cidade fazendo currículo. Há milhares
de situações que estão construindo constantemente significado. Creio que a
cidade junto aos meios de comunicação são elementos que estão nos fazendo como
sujeitos, nos moldando. Portanto, são currículo e devem ser estudados como tal.
Aprendiz: Na Espanha, alguma experiência
segue esse caminho?
Bonafé: Este é um conceito
novo. Há algumas experiências, como na minha faculdade, onde trabalho com meus
estudantes, mas o tema ainda é muito incipiente.
O currículo está na rua e devemos investigá-lo
Aprendiz: Como as políticas públicas
podem dialogar com isso?
Bonafé: É preciso que haja
tamanho comprometimento de uma prefeitura com a pedagogia política, pública e
social que isso possa influenciar em sua gestão. Uma possibilidade, por
exemplo, seria intervir sobre o modo por meio dos quais os cidadãos se
convertem em machistas. Isso não pode depender só da vontade do comércio que
vende a roupa ou do publicitário, entende? É preciso um debate político e
pedagógico.
É necessário intervir nesse texto da cidade, a partir de uma outra
pedagogia – que não cabe só aos educadores, mas também aos prefeitos, às
pessoas que têm responsabilidade na gestão municipal.
Por exemplo, eu sei que uma cidade necessita da circulação rápida de
automóveis, mas penso que quem desenha os entornos do urbanismo social deveria
se dar conta de que com isso nos passam a seguinte mensagem: “você vive em um
mundo de pressas e, além disso, é insignificante ao lado dos carros, posto que
até os semáforos são todos pensados para eles”. Isso é um texto pedagógico.
Estão nos dizendo, desde pequenos, que nas cidades em que vivemos a pressa é
fundamental. Acredito que os urbanistas também têm a responsabilidade de propor
que o desenho dos entornos urbanos contemple uma outra maneira de entender os
sujeitos.
De modo geral, nós não fomos formados para as relações que se dão com os
espaços. Tampouco a escola nos ajuda a nos pensar neles, pois também está
distanciada do tempo e do espaço real, por estar concentrada em seus próprios
arranjos de tempo e espaço.
O que
a cidade pensada para carros diz sobre onde se vive?
Marcus Lyra
|
Aprendiz: A rua é então um espaço de
socialização?
Bonafé: A rua é uma aula, uma
lousa, um lugar onde se escreve. É o melhor lugar onde se dita as mensagens, é
um texto pedagógico. É muito interessante analisá-la a partir da pedagogia que
se propõe. Se nos ensinassem a ler a rua de outra maneira, muito provavelmente,
seríamos cidadãos diferentes, saberíamos valorizar as praças e as cidades a
partir de um outro olhar.
Por exemplo, me contaram de uma cidade em que na região onde os
edifícios são mais altos, viviam as pessoas mais ricas. Pra mim, isso mostra o
quão analfabetos podem ser os ricos, posto que sempre será mais cômodo, mais
habitável, viver em um lugar mais horizontal, com pouca densidade habitacional,
do que em um prédio de 30 andares. Se isso é valorizado como melhor, pior para
os ricos, não? Tudo isso são mensagens culturais. É melhor viver num prédio de
30 andares? Pra mim, não. Eu quero ter um jardim, cultivar uma horta.
Bonafé: É um conceito
interessante, mas tampouco é o que estou falando. A cidade é um veículo.
Precisamos colocar os dispositivos culturais dela nas mãos dos projetos
educativos das escolas, fazê-la educadora nesse sentido. A cidade passa a
contemplar a ideia de que suas instituições, sobretudo culturais, cumpram seus
objetivos. Que os museus tenham material didático; que os hospitais tenham um
projeto pedagógico também para as crianças que se hospitalizam ou para as
pessoas, etc. Isso me parece bom, mas o que eu proponho é ir além dessa
questão.
Aprendiz: Então, não basta ter o
equipamento sem uma intenção pedagógica?
Bonafé: Claro. A cidade
educadora não é só o museu, o teatro. A rua também educa. E este espaço é,
digamos, “desproblematizado” do ponto de vista pedagógico. Mas, veja, é ele que
o professor utiliza para conduzir a criança até o museu. Ou seja, é tão
educativo quanto, mas passa uma outra educação, outro discurso, outra
pedagogia.
Ao
lermos um texto, é importante nos colocarmos em diferentes posições e acolher
aquilo que nos é pertinente, investigar sobre o que parece contraditório e
multiplicar o que possivelmente contribuirá para se construir um movimento em
que possamos melhorar o mundo daqueles que nos rodeiam. Pensando nisso,
retiramos o seguinte trecho, para que você escreva sobre o que você pensa a
respeito do que Bonafé nos coloca, fazendo uma relação com as nossas
crianças.
“Vamos ver quais significados se
constroem na cidade e nos dar conta de que em uma cidade há muitas cidades,
interpretadas segundo o mundo de cada um.
Proponho que exploremos a ideia da
cidade fazendo currículo. Há milhares de situações que estão construindo
constantemente significado. Creio que a cidade junto aos meios de comunicação
são elementos que estão nos fazendo como sujeitos, nos moldando. Portanto,
são currículo e devem ser estudados como tal.”
|
É importante destacar que a leitura
nos encaminha ao conceito de cidade educadora, o qual surgiu no início dos anos
90 em um Congresso na Espanha, mas que em 94, na Itália, teve como resultado a
elaboração da Carta das Cidades Educadoras (disponível em https://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/cartacidadeseducadoras.pdf),
com princípios a serem seguidos pelas
cidades participantes. Acredito que não seja difícil saber que São Paulo está
entre elas.
“Uma Cidade Educadora
é aquela que, para além de suas funções tradicionais, reconhece, promove e
exerce um papel educador na vida dos sujeitos, assumindo como
desafio permanente a formação integral de seus habitantes. Na Cidade
Educadora, as diferentes políticas, espaços, tempos e atores são compreendidos
como agentes pedagógicos, capazes de apoiar o desenvolvimento de todo potencial
humano.”
É
interessante destacar o vídeo abaixo para ilustramos tal conceito.
Uma ação importante que pensa sobre esse conceito,
é a criação da Universidade Livre do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ),
que faz parte da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e abarca diferentes
ações, como podemos observar no vídeo abaixo:
Somos seres
humanos com uma história inacabada, construída através das nossas experiências desde
a gestação de nossa mãe, à convivência com a família que ganhamos de presente,
seja através dos laços de sangue ou do coração. Recebemos influência também
daqueles que cruzam o nosso caminho de maneira rápida, mas conseguem deixar
marcas boas ou nem tanto, assim como da sociedade. Temos também o poder de
influenciar, seja lá a função que escolhemos para as nossas vidas. E como é bom
quando podemos pensar nessa história, onde deixamos marcas que contribuíram
para um mundo melhor!!
Pensando nisso e nos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, relacione pelo menos 3 ações importantes que você pode escolher
para sua vida pessoal.
Escolha 3 ações ligadas aos projetos Plantar e
transformar e Ler com muito prazer nas quais você pode contribuir e dê
sugestão de ações possíveis que possam acontecer envolvendo as crianças, suas
famílias e a equipe escolar.
|
É fato que não é
apenas os cursos formais que realizamos no decorrer de nossa vida que nos
proporciona conhecimentos suficientes para o nosso crescimento pessoal e o
nosso desenvolvimento enquanto cidadão que contribui para a construção de uma
sociedade em que possamos viver e conviver com qualidade. Tudo o que aprendemos
de maneira formal ou informal, os lugares que frequentamos, as músicas que
ouvimos, os materiais de leitura que escolhemos, entre tantas outras situações
que colaboram para nos transformar naquilo que somos. Desse modo, responda o
questionário sócio-cultural.
Você se auto
declara
1. ( ) Branca
2. ( ) Preta 3. (
) Amarela 4. ( ) Parda
5. ( )Indígena. 6. (
) Sem declaração.
Você cursou o
Ensino médio
1. ( ) Curso regular
2. ( ) Supletivo.
3. ( ) Técnico.
Qual? _____________________
Você cursou o
Ensino superior ? ( ) sim ( )
não
Qual curso ou
cursos? _______________________________________________________
Você fez
pós-graduação? ( ) sim ( )
não
Qual curso ou
cursos? _______________________________________________________
Você utiliza
internet no computador em casa? ( )
sempre ( ) às vezes
( ) nunca
Você utiliza
internet no computador no trabalho para fim pessoal?
( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Você utiliza
internet no celular? ( ) sempre ( )
às vezes ( ) nunca
Quantos livros
você lê por ano?
( ) Nenhum ( ) 01
a 02 livros ( ) 03 a
05 livros ( ) Outra situação
Você utiliza para saber
das notícias
TV ( )
sempre ( ) às vezes
( ) nunca
Internet ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Jornal ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Outros meios
______________________( ) sempre ( )
às vezes
Você utiliza para
se entreter em casa:
Novelas ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Filmes ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Outros:___________________________________
( ) sempre ( )
às vezes ( ) nunca
Você utiliza para
se entreter fora de casa:
Cinema ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Teatro ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Museus ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Parques ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Qual ou quais? ___________________________________________________________
Viagem ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Shopping ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Lanchonete /
restaurante ( ) sempre ( )
às vezes ( ) nunca
Pescaria ( ) sempre
( ) às vezes ( )
nunca
Espaços para
meditação e/ou atividade física? ( )
sempre ( ) às vezes
( ) nunca
Casa de parentes
e/ou amigos ( ) sempre ( )
às vezes ( ) nunca
Outros:_________________________________
( ) sempre ( )
às vezes ( ) nunca
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