O que eu aprendi com a primeira fase da Educação Infantil para a construção de um currículo



Numa época em que grupos se reúnem para se discutir a construção de um currículo, me vem o desejo de que cada indivíduo responsável por esse processo pudesse ter uma experiência na primeira fase da Educação Infantil. Poder olhar com os olhos de professoras que têm o privilégio de trabalhar com bebês e crianças muito pequenas, nos oportuniza aprender de maneira muito concreta como se dá a construção da aprendizagem em qualquer nível de ensino.
O CEI (Centro de Educação Infantil), primeira instituição formal de aprendizagem da criança, nos revela alguns passos importantes que deveriam ser seguidos em toda instituição de ensino básico.
Em primeiro lugar vem o acolhimento, momento em que se estabelece um vínculo primordial, que influencia no desejo de aprender. Nota-se a importância do adulto que tem o poder de estabelecer confiança, respeito aos medos e às histórias trazidas pelos pequenos,  além de exercer a empatia e o encantamento.
Em segundo lugar vem a capacidade de entendimento sobre a aprendizagem daquele que aos poucos conquista sua autonomia, com base nos desafios. Um exemplo é a hora de subir as escadas: um passo de cada vez, segurar na mão e no corrimão. Alguns caminham bem devagar, outros querem ir rápido, outros querem subir de gatinho, e tem aquele que a princípio ainda precisa do colo. Nos primeiros dias quase todos os adultos se envolvem nesse processo, a professora não se sente sozinha e aos poucos a autonomia é conquistada, passo a passo.
Uma experiência enquanto observadora de uma turma no parque, me proporcionou um desses momentos de encantamento e de reflexão sobre o processo de aprendizagem, o qual assemelha-se nas diferentes fases do desenvolvimento, sejam crianças, jovens ou adultos. Enquanto as crianças de um Mini Grupo I (crianças de 2 anos a 2 anos 11 meses) exploravam o espaço, subiam e desciam do escorregador e corriam para fazer a mesma coisa, uma delas apenas olhava. Apesar das diferentes tentativas da professora de encorajamento, nada a convencia de brincar também. Andava para lá e para cá, devagar e acenando a cabeça negativamente quando convidada a participar. Dois dias depois, observando a mesma turma, num primeiro momento, a menina repetiu a mesma cena. No entanto, alguns minutos depois quis subir a rampa do escorregador de cimento. A subida foi um sofrimento, apesar de ter sido iniciativa dela e ter a proximidade da professora ali com ela. Foi até o topo com o semblante choroso e resmungando. No entanto, quando escorregou e chegou ao chão demonstrou uma alegria deliciosa.
Repetiu a ação pelo menos umas três vezes, enquanto eu observava. A carinha de medo para subir e o sorriso lindo ao descer. E assim, em qualquer idade a aprendizagem ocorre a partir do momento em que se teve coragem de tentar.
Tal experiência me remete à época da alfabetização ou de qualquer outro conhecimento, onde se iniciam as primeiras tentativas.
Quanto prazer as pessoas deixam de viver por não enfrentar o medo, e como é importante alguém do lado para demonstrar confiança, incentivar e não desistir.

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